A Tabela STOCKS

Linnaeus estabeleceu o sistema binomial de nomenclatura binomial

Quando Linnaeus estabeleceu o sistema de classificação binomial na 10ª edição do seu livro Systema Naturae em 1758, deixou um forte alicerce para o trabalho taxonómico: uma combinação única de um nome genérico e um nome específico deve ser dada a um espécimen (o holótipo), que assim se torna a última referência para qualquer espécie biológica. Infelizmente, este conceito óptimo tornou-se confuso quando se aceitaram as subespécies, ligadas também a um espécimen, mas declarado como uma subunidade de uma espécie e assim descrita por três nomes (p.ex., Oreochomis niloticus eduardiensis). A espécie original muda para Oreochomis niloticus niloticus e está assim criada a confusão, que reside no facto de o holótipo passar a dizer respeito a uma subespécie e simultâneamente a uma espécie. Este facto mina o conceito de espécie que explicitamente inclui populações, definindo espécie como "grupos de populações que de facto ou potencialmente se entrecruzam, e que estão reprodutivamente isoladas de outros grupos análogos" (Mayers 1942, p.120), e que assim não permite o conceito de subespécie (ver também Sinclair, 1988, que faz uma discussão excelente sobre as populações marinhas).

Os cientistas ligados às pescas trabalham com a parte explorada das populações, a que chamam "stock". Igualmente, a aquacultura trabalha com "estirpes", ou seja, raças ou variedades duma certa espécie. Também aqui, a distinção entre população, raça e subespécie não é clara (ver as notas no fim deste capítulo).

A distinção entre uma população e uma subespécie não é clara

Na criação da estrutura duma base de dados relacional, a confusão conceptual entre espécie, subespécie e população traduz-se num mau resultado final.

Não apreciamos as subespécies

Na versão corrente da FishBase, bem como na literatura taxonómica, a subespécie é tratada como espécie, isto é, com o seu registo próprio na tabela ESPÉCIES, mas com os nomes genérico e específico no campo do nome específico. Se uma subespécie foi introduzida, também a espécie original se torna numa subespécie (ver acima). O resultado deste facto é que uma busca, p.ex., em Oreochromis miloticus, não encontrará nenhum registo na tabela ESPÉCIES mas a subsequente busca automática em Oreochromis niloticus* encontrará um total de sete subespécies aparecendo Oreochromis niloticus baringoensis em primeiro lugar por os registos estarem por ordem alfabética; o utilizador terá que procurar na listagem apresentada onde encontrará O. niloticus niloticus no quinto registo. Do ponto de vista do design da base de dados seria melhor tratar a subespécie como população; contudo, isso criaria incompatibilidades com a literatura taxonómica e aumentaria os problemas (p.ex., sinónimos que estão presentemente ligados a espécies, teriam de ser ligados a populações). Seria provavelmente muito melhor se os taxonomistas ou considerassem os caracteres duma subespécie suficientemente distintos para a considerarem uma espécie nova ou a considerassem apenas uma população dessa espécie e lhe dessem um sinónimo.

Campos

A fim de conseguir separar a informação dum stock ou de uma estirpe, daquela que diz respeito à espécie em geral, todos os registos na tabela ESPÉCIES estão ligados a um ou vários registos na tabela STOCKS (relação de um para muitos). Toda a informação biológica está ligada à tabela STOCKS e faz parte de um Nível, de entre os seguintes: espécie em general; subespécie em geral; stock selvagem ou população; estirpe cultivada; híbrido.

Quando a FishBase possui mais do que um stock ou estirpe para uma dada espécie, a tabela STOCKS é apresentada sob o formato de tabelas e em cada linha é descrita a espécie ou estirpe. Clique duas vezes numa linha mudar de formatação. Em alternativa, pode usar as setas (ascendente e descendente) para seleccionar o stock e carregar em Enter para mudar de formatação.

O campo definição de Stock indica a área de distribuição de cada uma das categorias. Para as estirpes indica a origem, o tamanho do stock inicial e o seu nome comum. Para os híbridos, que estão ligados à espécie fêmea, diz-nos qual a espécie macho bem como outros detalhes. Este campo refere ainda as extensões às áreas de distribuição que são duvidosas e as identificações incorrectas mais comuns.

A FishBase contém informação publicada sobre todas as espécies ameaçadas

O campo Status descreve o estádio de ameaça de extinção seguindo as categorias definidas pelo IUCN: sem entrada na lista Vermelha da IUCN; População(ões) na Lista Vermelha da IUCN; Indeterminado (I); Rara ®; Vulnerável (V); Em perigo (E); Extinta (Ex); Insuficientemente conhecida (K); Ameaçada (T); Comercialmente ameaçada (CT); N.A. (não aplicável, como, por ex., os híbridos). É de notar que a primeira e última categorias foram criadas para incluir os casos de híbridos, estirpes artificiais e os muitos casos para os quais não há informação disponível.

Para algumas espécies tais como Plectropomus leopardus, a lista já reflecte o estado actual do conhecimento, podendo assim ser utilizada na identificação de tópicos para investigação. Esperamos que muitos dos nossos utilizadores nos forneçam informações, ou separatas para nos ajudar a cobrir o maior número de espécies possível. Clique em qualquer dos botões pretos para abrir as respectivas tabelas.

Status

Presentemente, a tabela STOCKS contém mais de 23.000 registos, incluindo cerca de 72 estirpes cultivadas, 9 híbridos e 9 populações/stock. Esperamos que o último número cresça quando incorporarmos os 160 stocks reconhecidos pelo Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES), os stocks referidos na tabela de RECRUTAMENTO de Meyers (neste volume) e, p.ex., as estirpes de truta reconhecidas por Kincaid e Brimm (1994).

Como chegar lá

Aceda à tabela STOCKS clicando o botão Limites ou Biologia na janela ESPÉCIES.

Referências

IUCN. 1996. 1996 IUCN red list of threatened animals. IUCN, Gland, Switzerland.

Kincaid, H. and S. Brimm. 1994 National Trout Strain Registry. U.S. Fish and Wildlife Service`s Division of Fish Hatcheries, National Fishery Research and Development Laboratory and Office of Administration - Fisheries, U.S.A.

Kottelat, M. 1997. European freshwater fishes. Biologia 52, Suppl. 5 : 1-271.

Mayr, E. 1942. Systematics and the origin of species. Columbia University Press, New York. 334p.

Sinclair, M. 1988. Marine Populations: na essay on population regulation and speciation. University of Washington Press, Seattle. 252p.

Rainer Froese